A relação entre o ministro do Turismo e o União Brasil vivem um ponto de inflexão dramático. A Executiva Nacional da legenda decretou a expulsão de Celso Sabino e cancelou sua filiação, após ele optar por não deixar o cargo no governo federal, contrariando uma determinação da sigla. A decisão representa um capítulo definitivo na crise interna que se arrastava desde o rompimento formal do partido com o governo federal.

O desfecho foi resultado de uma disputa sobre lealdade partidária. Em setembro, o União Brasil havia exigido que todos os seus filiados ocupantes de cargos no Executivo federal renunciassem, em razão do desligamento da base governista. Sabino chegou a entregar uma carta de demissão, mas recuou e manteve-se à frente da pasta do Turismo. Essa atitude desencadeou uma representação por “infidelidade partidária”, inicialmente resultando em suspensão por 60 dias e na perda da presidência do diretório regional no Pará — cargo que mantinha até então.

Na última deliberação, a Comissão de Ética da sigla aprovou unanimemente a expulsão. A homologação pela Executiva Nacional consolidou o litígio: a legenda também determinou intervenção no diretório do Pará, dissolvendo sua direção e instalando uma comissão provisória. A expulsão de Sabino marca o fim de uma trajetória dentro do partido que havia sido marcada por ascensão — e agora, por cisão.

Do lado do ministro, o pronunciamento foi de indignação. Celso Sabino qualificou a decisão como “injusta” e defendeu sua permanência no governo como compromisso com os interesses do país, especialmente à frente de demandas urgentes assumidas pela pasta. Ele argumentou que não poderia abandonar o cargo às vésperas de um evento relevante para o país — a conferência internacional sobre clima a ser realizada no Pará — e que permanecer no Turismo correspondia a uma escolha coerente com “o melhor projeto para o Brasil”.

Politicamente, a expulsão abre uma interrogação sobre os planos futuros de Sabino. Ele anunciou a intenção de concorrer ao Senado pelo Pará nas próximas eleições, e já iniciou diálogos com outras legendas. A legislação eleitoral permite que ele mantenha o mandato atual — uma vez que a perda de filiação por expulsão não gera a perda imediata da vaga —, e sua mudança partidária poderá ser feita sem risco de perder a cadeira no Congresso.

A saída de Sabino evidencia um dilema recorrente no Legislativo brasileiro: o conflito entre disciplina partidária e autonomia individual, sobretudo em contextos de governos de coalizão ou instabilidade. Para o União Brasil, a expulsão reforça a necessidade de coerência e unidade diante de posições estratégicas de governo; para o ministro, resta a defesa de continuidade administrativa e a aposta na construção de projeto próprio.

Além do impacto imediato para ambas as partes, esse episódio revela como decisões internas de legendas podem redesenhar trajetórias políticas e influenciar o equilíbrio de forças no Congresso. A expulsão de Celso Sabino — que até então ocupava cargo de destaque — mostra que, em tempos turbulentos, a fidelidade partidária pode ser tão decisiva quanto visibilidade pública.