“Cruzando o Corredor do Poder: Cláudio Castro Sinaliza Saída do Governo do RJ em Jogada Arriscada para 2026”

No labirinto da política fluminense, onde cada movimento é calculado sob o risco de desestabilizar alianças frágeis, o governador Cláudio Castro (PL) surpreendeu ao admitir, em conversas reservadas, a possibilidade de renunciar ao cargo antes do fim do mandato para se lançar candidato ao Senado em 2026. A revelação, que circula em grupos fechados de aliados e adversários, acende um debate sobre os reais motivos da estratégia — e seu impacto no já conturbado cenário do Rio de Janeiro.

A Matemática por Trás da Ambição

Analistas apontam que a decisão de Castro não é meramente eleitoral, mas uma resposta a uma equação complexa. Com índices de aprovação em queda livre, pressionado por crises na segurança, saúde e atrasos salariais de servidores, o governador enxerga no Senado uma rota de fuga para preservar relevância política. “É uma aposta calculada: ele troca um cargo de desgaste diário por um mandato de oito anos, com imunidade parlamentar e projeção nacional”, explica um estrategista que atua em Brasília.

O plano, porém, não é simples. Para concorder ao Senado, Castro precisaria renunciar até abril de 2026, garantindo que o atual vice-governador, Thiago Pampolha (União Brasil), assumisse o Palácio Guanabara. O problema é que Pampolha, embora aliado nominal, mantém uma relação ambígua com o governador, alimentando rumores de que poderia desconstruir políticas do atual governo.

As Peças do Xadrez Partidário

A jogada também revela fissuras no PL, partido de Bolsonaro. Castro, que herdou o governo após a cassação de Wilson Witzel em 2020, nunca consolidou uma base própria dentro da sigla. Sua possível migração para o Senado abriria uma disputa interna pelo comando do partido no estado, com nomes como o deputado federal Alexandre Ramagem (PL) e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), observando de perto — este último, embora de outra sigla, tem influência decisiva no tabuleiro fluminense.

Para o Palácio do Planalto, a movimentação é vista com cautela. Castro, que evitou alinhar-se publicamente a Lula ou a Bolsonaro, é considerado uma figura “situacionista pragmática”. Sua entrada no Senado poderia ajudar o governo federal em votações-chave, mas também criar um novo foco de pressão, já que o PL tende a radicalizar sua oposição em 2026.

Os Riscos de Um Salto no Escuro

Historicamente, governadores que abandonam o cargo para buscar outros mandatos colecionam mais derrotas que vitórias. Em 2014, por exemplo, Sérgio Cabral (então no PMDB) renunciou ao governo do RJ para tentar o Senado e foi esmagado nas urnas, meses antes de ser preso. Já Anthony Garotinho (PDT), em 2002, deixou o Palácio Guanabara para disputar a Presidência e não passou de 2% dos votos.

Castro parece consciente do risco. Seus assessores argumentam, em off, que o Senado permitiria a ele “trabalhar pelo Rio de forma menos exposta”. Críticos, porém, veem a manobra como abandono. “É como um capitão pular do navio antes da tempestade, deixando a tripulação à deriva”, ironiza um deputado oposicionista.

O Fator Witzel: A Sombra que Persiste

Outro elemento pesa na decisão: o possível retorno de Wilson Witzel (PSC) à política ativa. Com direitos políticos restabelecidos, o ex-governador ameaça processar Castro por supostas irregularidades na gestão, além de cogitar concorrer ao Senado no mesmo pleito. A perspectiva de dividir palanque com Witzel em 2026, somada ao desgaste de uma campanha judicial, pode ter acelerado os planos do atual governador.

O Rio no Centro do Terremoto

Enquanto o futuro de Castro é debatido em gabinetes, o estado enfrenta desafios imediatos. A escalada da violência em regiões como Baixada Fluminense, a crise no sistema prisional e os atrasos em obras estruturantes, como o Arco Metropolitano, exigem respostas que um governador em modo “despedida” talvez não priorize.

“Há um vácuo de liderança se essa transição ocorrer de forma abrupta”, alerta um ex-secretário estadual. “O Rio não pode ser refém de ambições pessoais em ano de eleição municipal”, completa, referindo-se ao pleito de 2024, que definirá novos prefeitos e vereadores.

O Legado de Uma Aposta

Se concretizada, a renúncia de Castro marcará um capítulo peculiar na política fluminense: o de um governador que optou por trocar o presente conturbado por um futuro incerto. Resta saber se o Senado será seu porto seguro ou um novo campo de batalha — e se o Rio pagará o preço dessa transição.

Enquanto isso, nas ruas do estado, a pergunta que fica é se os tijolos do poder, movidos por interesses tão voláteis, podem sustentar algo além de promessas. A resposta, como tudo na política, virá não nas urnas, mas no tempo.