Projeto ‘Documenta Pantanal’ registra em fotos, videos e livros toda a beleza e diversidade da região para mobilizar a sociedade na defesa de sua preservação


Iniciativa que se propõe a registrar em fotos, livros e vídeos a beleza e a biodiversidade desse ecossistema também quer mobilizar a atenção da

sociedade para seu potencial turístico-econômico e a urgência

em conhecer e preservar este patrimônio natural

 

Registrar para documentar e preservar. Este pode ser o mote da iniciativa ‘Documenta Pantanal’, que prevê o desenvolvimento de ações multimídias (exposições, documentários, livros e vídeos) que, mais do que celebrarem a beleza e a biodiversidade desse ecossistema, pretendem chamar a atenção da sociedade para a urgência em conhecer e preservar este patrimônio, cujo desconhecimento de sua verdadeira realidade impede um aproveitamento econômico maior do turismo, inclusive um turismo internacional de qualidade.

Com a participação de instituições que atuam na região pantaneira, a iniciativa reúne pesquisadores, empresários e a própria comunidade, para, em conjunto, mobilizar a sociedade para as questões primordiais desse bioma. Convidado para fotografar esta que é a maior extensão de área alagada do planeta de forma contínua, o fotógrafo João Farkas afirma que o ‘Documenta Pantanal’ tem por objetivo, como o próprio nome sugere, documentar para tornar conhecidos os atributos naturais da região, promovendo constante diálogo entre as forças produtivas, academia, instituições e organizações na busca de soluções implementáveis de consenso.

“Por meio de ações coordenadas direcionadas, numa estratégia de ativação e mobilização multinível, o ‘Documenta Pantanal’ foi desenhado para falar com um público amplo,procurando aproximar pesquisadores, acadêmicos, produtores ligados ao agronegócio, grupos com interesses em conservação, turismo, jornalistas e educadores. Com essas ações queremos que o Pantanal esteja na agenda da opinião pública brasileira e de organismos e instituições ligados a questões que dizem respeito ao Pantanal”, afirma a produtora Mônica Guimarães, participante e uma das organizadores  do projeto.

Ao capturar a multifacetada beleza pantaneira, Farkas surpreendeu-se com o que encontrou em suas muitas idas e vindas. Entre variadas constatações, ele considera esse patrimônio natural muito mais frágil do que a Amazônia, também retratada por suas lentes sensíveis. “Por ser uma planície inundável, o Pantanal depende, fundamentalmente, da qualidade das águas que acorrem dos planaltos vizinhos e dos fluxos de cheias e vazantes que fazem dele um santuário natural e permitem sua exploração sustentável pela pecuária extensiva e o turismo. Mas tanto a qualidade das águas como o fluxo cheias-vazantes já estão bastante alterados pela atuação humana e são ameaças reais”, alerta.

Ainda de acordo com Farkas, o que lhe causou mais espanto é o desconhecimento que o Brasil tem em relação ao Pantanal. “Há uma espécie de cegueira cognitiva. Talvez porque temos tantas outras coisas belas e mobilizadoras, como a Amazônia, a Mata Atlântica e um vasto litoral, o Pantanal fica meio ignorado. É preciso colocar a região no radar dos brasileiros. Imaginamos que é um território inatingível, preservado, cheio de jacarés e piranhas, ideal para pescarias. Mas é muito mais do que isso. Um universo natural riquíssimo a ser melhor conhecido e explorado e protegido por nós”.

Ações previstas pelo ‘Documenta Pantanal’

Nessa perspectiva, a de documentar para preservar e proteger esse bioma, o ‘Documenta Pantanal’ já atua em algumas frentes de comunicação:

Documentário, blog e livro: com Jorge Bodanzky na direção (com co-direção de João Farkas), o documentário chama-se “Ruivaldo – O Homem que Salvou a Terra”. Com 45 minutos de duração, foi filmado em várias regiões do Pantanal e está em fase de finalização. Com página no Instagram (www.instagram.com/documentapantanal/), ainda em junho o ‘Documenta Pantanal’ deverá lançar um blog (http://documentapantanal.com.br) e um canal no You Tube, que contarão não somente com material produzido por Farkas, mas outros projetos que tenham relevância e sejam de autores diversos, com a intenção de se tornar um hub de difusão e convergência, armazenando informações e conteúdos distintos. “Os vídeos serão especialmente produzidos pela equipe, a fim de dar relevância e visibilidades nas mídias sociais às questões do Pantanal”, antecipa Farkas.

Já o livro “Pantanal”, com tiragem de 1.500 exemplares e que acompanhará as mostras e exposições de fotografias, conta com a participação do professor de Ciências Biológicas e Ambientais Sandro Menezes Silva. “Fui convidado pelo Farkas para colaborar. Conheci o Pantanal como visitante em 1984 e, quase 20 anos depois, comecei a trabalhar na região. Desde então, foram muitas expedições e muita pesquisa em busca de informações”, diz. A obra, que deverá ser finalizada até setembro, é uma edição fotográfica de 160 páginas impressa em cinco cores em formato 50 x 35 cm aberto, com desenho do estúdio Máquina Estúdio sob a responsabilidade de Kiko Farkas.  Além da venda em livraria e acompanharem cada mostra e exposição, parte dos exemplares será doada a bibliotecas públicas.

Exposições

Com a intenção de gerar maior visibilidade ao Pantanal, a documentação fotográfica – fruto de quatro anos de trabalho e sete expedições à região – é o cerne de um circuito de exposições no Brasil e no exterior. Em novembro de 2018, a exposição “Brazil Land & Soul”, de Farkas, teve sua primeira mostra com 40 imagens na embaixada brasileira em Londres, registrando um público de mais de 2.000 pessoas. Em paralelo à mostra ocorreu um seminário sobre as questões do ecossistema, reunindo especialistas brasileiros e internacionais neste bioma na discussão de alternativas de desenvolvimento sustentável e preservação, com ênfase, também, nas possibilidades turísticas.

Com a grande repercussão da exposição em Londres, surgiu o convite para outra exibição europeia, que foi aberta em 23 de maio e segue até 14 de julho na embaixada brasileira em Bruxelas.  O material, cedido pelo fotógrafo para a Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar, reúne imagens com dimensões que variam de 100 x 70 cm a 150 x 100 cm e são dispostas horizontalmente sobre o solo segundo concepção da brasileira Marina Willer (sócia do Pentagram Studios de Londres). A intenção é proporcionar ao visitante a sensação visual de estar sobrevoando o território pantaneiro, replicando, dessa forma, a maneira como as imagens, muitas delas aéreas, foram produzidas. Esta mostra, que no Brasil terá o nome de “Documenta Pantanal”, poderá ser vista pelo público no Brasil ainda no segundo semestre em data a ser definida.

Participantes do ‘Documenta Pantanal’

João Farkas, Mônica Guimarães, Sandro Menezes Silva, Teresa Cristina Ralston Bracher, Agrotools, Associação Onçafari, Editora Vento Leste, Fazenda Fazendinha (Aquidauana/MS), Fazenda Barraco Alto (Aquidauana /MS), Fazenda Figueiral (Corumbá/MS), Fazenda Santa Tereza (Corumbá/MS), Fazenda São Camilo (Corumbá/MS), Fazenda São Francisco do Perigara (Barão de Melgaço/MT), Fazenda Vera Lúcia (Aquidauana/MS), Acaia Pantanal, Instituto Arara Azul, Instituto Homem Pantaneiro, Leão Serva, Luciano Candisani, Marcia Hirota, Marina Klink, Marina Lutz, Miguel Milano, Onças do Rio Negro, Panthera Brasil, Porto São Pedro (Corumbá/MS), Raquel Machado, Rede Nacional Pró Unidades de Conservação, Refúgio Ecológico Caiman (Miranda/MS), RPCSA – Rede do Amolar, Silas Ismael e SOS Pantanal.

Sobre João Farkas

João Paulo Farkas sempre esteve em contato com a fotografia. Graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, é fotógrafo profissional desde 1979, com especialização na School of Visual Arts e no International Center of Photography de Nova York (1980-1981). Foi fotógrafo correspondente das revistas Veja e Isto É e também trabalhou como editor de Fotografia. Ganhou o prêmio ABERJE e Bolsa Vitae de Artes/Fotografia. Seus trabalhos fazem parte de importantes acervos e museus brasileiros e integram o acervo do ICP – International Center of Photography – Nova York, Maison Européenne de la Photographie, em Paris, e Tulane University (New Orleans), entre outros.

Sobre Mônica Guimarães

Produtora de cinema e teatro, Mônica Guimarães produz há 16 anos o ‘É Tudo Verdade – Festival internacional de Documentários’ e é proprietária da Mog Produtora, que é proponente do documentário “Ruivaldo – O Homem que Salvou a Terra”.  Uma das organizadoras do ‘Documenta Pantanal’ ao lado do biólogo Sandro Menezes e de Teresa Bracher (produtora rural e diretora da Acaia Pantanal), Mônica, entre outras atividades, é responsável pela difusão de informações do blog entre todos os participantes do projeto.

 

Sobre Sandro Menezes Silva

Professor de Ciências Biológicas e Ambientais na Universidade Federal da Grande Dourados, Sandro Menezes Silva esteve pela primeira vez no Pantanal em 1984, quando ainda era estudante de Ciências Biológicas. Desde 2005 passou a trabalhar na região, fator que permitiu que passasse a conhecê-la melhor por meio de expedições e pesquisas.