Um novo capítulo da crise sanitária envolvendo a gripe aviária foi registrado no Brasil, com a confirmação do quarto foco do vírus H5N1 em aves domésticas no país. O caso, identificado em uma criação de subsistência no município de Campinápolis, no Mato Grosso, reforça o estado de alerta das autoridades sanitárias e acende um sinal de atenção para produtores e consumidores.

A confirmação foi feita pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que imediatamente interditou a propriedade e iniciou medidas de controle e erradicação. Segundo a pasta, amostras colhidas no local testaram positivo para a Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), exigindo a atuação do Serviço Veterinário Oficial com ações emergenciais em um raio de 10 quilômetros ao redor do foco. Felizmente, não há registro de granjas comerciais na área delimitada.

Apesar da gravidade da doença, o Mapa reitera que o consumo de carne de aves e ovos segue seguro para a população. A influenza aviária não é transmitida por meio de alimentos devidamente preparados, o que mantém a segurança alimentar dos consumidores brasileiros.

A detecção em Campinápolis soma-se a outros três focos em andamento no país: Brasília (DF), Mateus Leme (MG) e Sapucaia do Sul (RS), todos envolvendo animais silvestres. Ao mesmo tempo, 11 casos suspeitos seguem em investigação, abrangendo diferentes regiões e tipos de criação, incluindo domésticas e de subsistência, em estados como Pará, Minas Gerais, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A situação sanitária impacta diretamente o comércio exterior de produtos avícolas. Com a confirmação do foco anterior em Montenegro (RS), o Brasil já enfrenta restrições comerciais impostas por 42 países, entre suspensões totais e parciais das exportações de carne de aves. Destinos importantes como China, União Europeia, México, Coreia do Sul e Canadá interromperam totalmente as importações do produto brasileiro. Outros países, como Arábia Saudita e Reino Unido, adotaram uma abordagem mais localizada, restringindo as compras apenas ao estado do Rio Grande do Sul ou ao município afetado.

O caso de Campinápolis, no entanto, ainda não resultou em novas sanções comerciais. O Mapa afirmou que o foco registrado em Mato Grosso não altera o período de vazio sanitário já decretado para a área de Montenegro, mantendo-se as medidas de contenção em vigor no sul do país.

Mesmo diante das restrições, o governo brasileiro reforça sua política de transparência e cooperação internacional. Segundo o Ministério, autoridades sanitárias dos países importadores têm sido informadas com agilidade e com base em evidências técnicas, buscando minimizar os impactos econômicos e manter a confiança nos protocolos de controle adotados.

Enquanto o Brasil avança na vigilância e no combate à gripe aviária, o episódio em Campinápolis expõe o desafio de proteger pequenas criações e animais silvestres da circulação viral. O equilíbrio entre segurança sanitária, preservação do mercado e garantia alimentar torna-se, mais uma vez, prioridade nacional.