Em declarações polêmicas, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, acusou o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente do Chile, Gabriel Boric, de serem “agentes da CIA”, alegando que ambos foram cooptados pelo governo dos Estados Unidos para representar interesses americanos na América Latina.

Durante uma entrevista à televisão estatal venezuelana, Saab, um aliado de longa data do regime chavista, sugeriu que Lula teria sido “cooptado” durante o período em que esteve preso, enquanto Boric seria outro representante da suposta influência da CIA na região.

— Quem é o porta-voz que eles colocam dizendo as coisas mais bárbaras contra nosso país através dessa chamada ‘esquerda’? O senhor Boric, que agora está acompanhado por Lula. Para mim, Lula foi cooptado na prisão. Essa é a minha teoria. (…) Parte dessa chamada esquerda cooptada pela CIA e pelos Estados Unidos na América Latina agora tem dois porta-vozes — disse Saab.

Críticas ao Posicionamento de Lula

O foco das críticas de Saab recai sobre o posicionamento de Lula em relação às eleições na Venezuela, nas quais o presidente Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato. Lula pediu que o governo venezuelano divulgasse as atas da votação, a fim de confirmar a vitória de Maduro. A oposição, liderada por María Corina Machado, contesta o resultado e reivindica a vitória de Edmundo González Urrutia, ex-diplomata, alegando que as atas, que publicaram em um portal, mostrariam uma vitória de 67% para González Urrutia, em oposição aos 51,9% proclamados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para Maduro.

Em uma entrevista à Rádio MaisPB em agosto, Lula expressou sua desconfiança sobre o processo eleitoral venezuelano, afirmando que ambos os lados — tanto Maduro quanto a oposição — não apresentaram provas conclusivas de suas alegações de vitória.

— Não aceito nem a vitória dele nem da oposição. A oposição fala que ganhou, ele fala que ganhou, mas não tem prova. Estamos exigindo a prova. Ele tem direito de não gostar. Eu falei que era importante convocar novas eleições — disse Lula.

Tensão na América Latina

As acusações de Saab ocorrem em meio a um cenário de crescente tensão política na América Latina, com o governo venezuelano enfrentando pressões internacionais por sua condução das eleições e acusações de fraude. O posicionamento de Lula e Boric, ambos líderes da esquerda latino-americana, tem gerado reações mistas, particularmente entre os governos alinhados com o chavismo.

As declarações do procurador-geral venezuelano intensificam o debate sobre a legitimidade das eleições na Venezuela e o papel de líderes internacionais na mediação dos conflitos políticos no país. Enquanto isso, Lula e Boric não se pronunciaram oficialmente sobre as acusações feitas por Tarek William Saab.