O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), propôs recentemente elevar a mistura de etanol anidro na gasolina de 30% para 35%. A declaração foi feita durante a abertura da 25ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, em São Paulo, evento que reuniu representantes do setor sucroenergético e especialistas internacionais em bioenergia.
Motta destacou que o aumento da mistura fortaleceria a indústria de biocombustíveis do país, consolidando o Brasil como referência mundial em energia renovável. “Hoje, já temos 30% da mistura da gasolina com etanol e vamos lutar e brigar para que avancemos aos 35%, o que, sem dúvida alguma, fortalecerá ainda mais a indústria de biocombustíveis do nosso país”, afirmou o parlamentar.
A proposta surge em um contexto de crescente valorização dos biocombustíveis e busca por alternativas sustentáveis ao petróleo. O Brasil, pioneiro no uso de etanol como combustível, possui uma infraestrutura consolidada e uma frota de veículos flexíveis, que podem operar com qualquer proporção de etanol e gasolina. Essa realidade facilita a implementação de políticas públicas voltadas à ampliação do uso de etanol.
Entretanto, a proposta enfrenta desafios técnicos e econômicos. A viabilidade da mistura de 35% ainda é questionável, apesar de prevista na Lei do Combustível do Futuro. Muitos veículos, especialmente os mais antigos, podem apresentar dificuldades de desempenho com essa proporção de etanol, o que exigiria adaptações nos motores e ajustes nos sistemas de distribuição de combustível.
Além disso, a elevação da mistura pode impactar a cadeia produtiva do etanol, exigindo aumento na produção de cana-de-açúcar e investimentos em infraestrutura logística. A expansão da área cultivada pode gerar pressões sobre o uso da terra, com possíveis efeitos sobre o meio ambiente e a segurança alimentar.
A proposta também levanta questões sobre a política energética do país. A ampliação da mistura de etanol pode reduzir a dependência do petróleo e atenuar os impactos de oscilações internacionais de preços. No entanto, é necessário avaliar se essa estratégia está alinhada com os compromissos climáticos do Brasil e com as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.
O debate sobre a elevação da mistura de etanol na gasolina para 35% reflete a busca por soluções sustentáveis e inovadoras para os desafios energéticos do país. A implementação dessa proposta exigirá diálogo entre governo, setor produtivo e sociedade civil, além de planejamento estratégico para garantir seus benefícios sem comprometer a sustentabilidade ambiental e social.
O futuro da energia no Brasil passa pela integração de fontes renováveis, e o etanol desempenha papel crucial nesse processo. A discussão sobre sua ampliação deve considerar não apenas aspectos técnicos e econômicos, mas também os impactos sociais e ambientais, visando um desenvolvimento equilibrado e sustentável para as próximas gerações.