O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a ativação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em Belém (PA) durante a realização da COP30, reforçando a proteção para o evento climático que reunirá mais de 140 delegações internacionais, incluindo dezenas de chefes de Estado. A medida, que dá autorização legal para a atuação das Forças Armadas com poder de polícia, visa garantir a segurança em pontos estratégicos e permitir uma operação integrada com os órgãos estaduais e federais.
O decreto presidencial cobre o período de 2 a 23 de novembro, coincidindo com a cúpula de líderes e a fase principal da conferência climática. A solicitação formal partiu do governador do Pará, que argumentou a necessidade de reforço diante da magnitude diplomática e simbólica da COP30. A iniciativa segue o mesmo modelo adotado pelo governo em grandes eventos anteriores, como a cúpula do G20 e a reunião dos BRICS.
Além da capital, o decreto estende a presença militar a cidades como Altamira e Tucuruí, visando proteger infraestruturas críticas na região amazônica — entre elas usinas hidrelétricas, portos, aeroportos e estações de tratamento de água. A ideia é blindar não apenas os locais de encontro, mas também as rotas de deslocamento de delegados e infraestrutura essencial ao funcionamento da conferência.
A atuação das Forças Armadas será coordenada pelo Ministério da Defesa e integrada com a segurança pública estadual, com patrulhamento, revistas, monitoramento de acessos e possível detenção, se necessário. O objetivo declarado é preservar a ordem pública, proteger dignitários e cidadãos, e assegurar que as negociações climáticas ocorram sem interrupções.
Embora a polícia local tenha papel central, o reforço militar é visto como ferramenta complementar em razão da escala e importância do evento. A medida também é uma resposta à preocupação logística e à necessidade de garantir tranquilidade para os participantes, uma vez que a COP30 terá participação de representantes de alto nível, com impactos políticos, ambientais e simbólicos profundos.
Mas a decisão suscita debates. Para alguns analistas, a convocação das Forças Armadas nesses moldes reforça a visão do Estado como protagonista na segurança de grandes eventos diplomáticos — levantando questionamentos sobre o equilíbrio entre civil e militarização. Para outros, a medida é vista como pragmática e estratégica: Belém será palco de negociações cruciais para o futuro climático mundial, e a operação militar oferece uma estrutura de proteção mais robusta do que a força policial por si só.
Simultaneamente, a GLO reflete o esforço de Brasília para projetar autoridade em escala global e reforçar que o Brasil está disposto a assumir as rédeas na agenda ambiental. A presença militar dá um tom de seriedade à organização do encontro, mas também ressalta a tensão entre segurança, diplomacia e os riscos inerentes à congregação de tantos líderes internacionais em um espaço tão sensível como a Amazônia.
Em síntese, o decreto de GLO marca uma operação ambiciosa e necessária nas palavras do governo, mas também simbólica: é o Estado brasileiro expondo músculos para proteger sua imagem, seu território e sua ambição de liderança climática. A COP30, sob batalhões e bandeiras, será observada não apenas pela agenda verde — mas também pela capacidade de manter a ordem no coração da floresta.